sábado, 19 de setembro de 2009

Fel



Do copo de fel que me deste,
nada sobrou;
sorví até a última gota;
envenenada, fiz parte de teu martírio;
julguei-me por ele responsável.
Hoje sei que era tudo o que podias me ofertar,
a tua seiva amarga e destrutiva;
dor, peso, prisão...
Lá permanecí por anos,
cela aberta e eu não via.
Ainda tento sair e não posso,
contaminada pela droga,
sem forças, só observo;
oscilo, levanto e caio.
Agora...espero;
um antídoto
capaz de me salvar
e arrancar
meu corpo inerte
do cárcere frio.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Luz e Sombra


Encontrar o eixo
o meu eixo
sem apoio ou muleta
apenas meu centro.

Ao encontrá-lo, toco Deus
ou a Deusa, ou a mim mesma
transformada em Divindade,
a plenitude em Luz e Paz.

Mas é tão rápido,
semi-fusa em andamento acelerado,
que logo tremo, desço e tropeço,
voltando a procurar aquela nesga de luz,
efêmera e rara.

Onde estou que me perco sempre?
Quem sou que só às vezes me encontro?
Ainda em dúvida e crise me desfaço,
como quem se busca inteira
mas que hoje é só um pedaço.