sábado, 30 de outubro de 2010

Tarde de sábado


Quatro horas
sábado molhado
mundo calado
numa pausa da tarde

Mundo estático
uma obra de arte
quatro da tarde
tudo molhado

Céu branco
suspenso em água
a arte é agora
às quatro da tarde


Tenho uma mágoa
sábado calado
tudo parado
angustiado.

Quando Erin Lagus era Maria do Carmo Tavares Moreira, em 16/11/72

sábado, 16 de outubro de 2010

Póstuma




Por que não me disseste antes?
(Mas disseste...)

Por que só agora sei, e estás tão longe...?
Por que perder um amor assim,
abortado por empecilhos
que nem eram?
(Talvez, na hora fossem!)
Poderia ter sido vivido na essência,
posto ser verdadeiro em sua chama.

(Como saber?
Permanece, como lacuna, suspensa no tempo!?)

E agora, como encontrar-te?
Agora, como responder-te
o que deixei de perceber
naquele instante?
E ele passou,
se foi, como foste ...
num relâmpago de outono!

Erin Lagus

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Rio



E que este rio carregue
toda amargura
e me leve,
para a outra margem,
com doçura.

Fluo, embalada
por ele e pela vida,
há silêncio e paz
na travessia.

Mesmo desconhecendo qual destino,
vou segura, deixando o passado no caminho,
abençoo cada pedra, por onde sigo,
solitária e certa
de ser este meu desígnio.

Já pedi ao vento
que varresse
todas as dores da memória, ainda viva,
mas preferi ao tempo, tal incumbência confiar,
receava que, em sua fúria,
o vento banisse os beijos
que comigo vou guardar.

Mas o tempo, corre quando não se quer
e custa a passar na urgência,
então, que leve, este rio,
minha tormenta,
deixando-me entregue
à outra margem,
que me espreita.


Erin Lagus